O Banco Central do Brasil divulgou o relatório “Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo” referente ao ano de 2023, destacando o crescimento contínuo e os desafios enfrentados pelas cooperativas de crédito no país.
As cooperativas de crédito apresentaram crescimento relevante durante o ano de 2023, reforçando seu papel no atendimento das necessidades financeiras dos seus cooperados pessoas físicas e jurídicas. É o que mostra o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). Publicado anualmente, o Panorama traz uma análise da evolução do segmento nos últimos anos, com ênfase em 2023.
O SNCC continua ampliando sua presença em todas as regiões do país e, no final de 2023, 57% dos municípios brasileiros contavam com pelo menos uma unidade de atendimento de cooperativas de crédito (semelhante às agências bancárias). O número de cooperados, que são ao mesmo tempo donos e clientes das cooperativas de crédito, chegou a 17,3 milhões entre pessoas físicas (14,7 milhões) e jurídicas (2,7 milhões).
O total de ativos do SNCC alcançou R$731 bilhões em dezembro de 2023, após crescimento de 23,9% no ano, e é constituído principalmente por operações de crédito (carteira de R$446 bilhões), com destaque para operações com micro e pequenas empresas e para os produtores rurais. Isso demonstra a importância do segmento para o desenvolvimento da atividade econômica, principalmente no interior do país, onde o setor possui atuação marcante. As captações, essenciais para suportar a expansão do crédito, também cresceram de forma significativa, alcançando R$582 bilhões.
Apesar do aumento da inadimplência, como ocorrido no SFN como um todo, o nível de provisões para operações de crédito demonstra ser suficiente para suportar as perdas esperadas na carteira. Os resultados das cooperativas de crédito foram positivos, apesar do recuo da rentabilidade, devido sobretudo à elevação do custo de captação e das despesas de provisão, acompanhando o movimento do restante do SFN. Parte desses resultados é destinada aos cooperados e uma parcela representativa destinada à formação de reservas, importante instrumento para a sua sustentabilidade econômico-financeira. Com isso, os índices de capital agregados das cooperativas de crédito continuaram confortáveis em relação aos limites regulamentares.
O cooperativismo de crédito permanece apto para seguir ampliando sua participação no cenário do SFN, contribuindo cada vez mais para o aumento da concorrência e maior eficiência do setor financeiro. É também um elemento essencial na promoção da inclusão financeira de parcela significativa da população brasileira, notadamente nas áreas mais remotas, e para as empresas de menor porte, atendendo às necessidades de serviços e produtos financeiros dos seus cooperados.
– Redução de Cooperativas Singulares: O número de cooperativas singulares diminuiu para 768, principalmente devido a incorporações que visam melhorar a eficiência operacional. As incorporações são um importante instrumento para resolver dificuldades financeiras e operacionais, proporcionando ganhos de escala ao segmento.
– Aumento de Unidades de Atendimento: As unidades de atendimento cresceram 7,6%, totalizando 9.804, presentes em 57% dos municípios brasileiros. A região Sudeste teve o maior aumento absoluto de novos municípios atendidos, enquanto as regiões Norte e Nordeste tiveram os maiores aumentos relativos. A quantidade de municípios onde a cooperativa de crédito é a única alternativa presencial para obtenção de produtos e serviços financeiros também aumentou, reforçando o papel do SNCC na inclusão financeira.
– Crescimento de Associados: O número de associados atingiu 17,3 milhões, com um crescimento significativo nas regiões Norte e Nordeste. A região Sul continua sendo a mais representativa, com 48,2% dos cooperados PF e 39,8% dos cooperados PJ. A região Norte teve o maior crescimento relativo de PFs associadas, enquanto a região Nordeste liderou o crescimento de PJs associadas.
– Ativos Totais: Os ativos totais do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC) cresceram 23,9%, atingindo R$730,9 bilhões. As operações de crédito, apesar da desaceleração no ritmo de crescimento, continuam sendo os ativos mais relevantes, totalizando R$445,8 bilhões. O crescimento dos ativos foi impulsionado principalmente pelos títulos de renda fixa e ativos de tesouraria.
– Captações: O estoque de captações aumentou 25,1%, totalizando R$581,6 bilhões. Os depósitos a prazo e as letras de crédito (LCA e LCI) foram os principais instrumentos de captação. A diversificação dos instrumentos de captação se consolidou, com destaque para as LCAs, que representaram 11,3% do total das captações.
– Patrimônio Líquido: O patrimônio líquido das cooperativas singulares cresceu 20,6%, alcançando R$98,8 bilhões. As reservas patrimoniais, decorrentes da retenção de parte das sobras do exercício, já correspondem a 44,3% do total do patrimônio líquido. O aumento da alavancagem financeira foi observado, com o crescimento das captações e dos ativos em ritmo superior ao do patrimônio líquido.
– Resultado: O resultado das cooperativas singulares foi de R$17,4 bilhões, com um crescimento de 15,5% em relação ao ano anterior. A rentabilidade do segmento recuou devido ao aumento do custo de captação e das despesas de provisão. A margem de crédito líquida atingiu o menor nível dos últimos cinco anos, impactada pela maior materialização do risco de crédito.
– Solvência: O nível de capital das cooperativas singulares manteve-se estável, com um Índice de Basileia consolidado de 20,7%. A maioria das cooperativas singulares possui significativa margem de capital, capaz de suportar a expansão da carteira de crédito. A capitalização agregada das cooperativas singulares continua em patamar confortável, suficiente para cumprir com folga as exigências estabelecidas nas normas em vigor.
– Inclusão Financeira: O SNCC continua a desempenhar um papel importante na inclusão financeira, especialmente em áreas menos atendidas por bancos tradicionais. A expansão da rede de atendimento e o aumento da base de cooperados reforçam essa tendência.
– Potencial de Crescimento: Há um grande potencial de crescimento para as cooperativas, especialmente em regiões onde a penetração ainda é baixa. O crédito total dos cooperados no SFN é dividido em 6,6% para associados que tomaram recursos exclusivamente no SNCC e 23,4% que contrataram somente nas demais entidades do SFN, sinalizando o grande potencial de crescimento para as cooperativas na própria base de clientes.
– Sustentabilidade: A geração consistente de resultados positivos e a retenção de sobras contribuem para a sustentabilidade e expansão do segmento. A margem de capital consolidada das cooperativas singulares alcançou R$41,7 bilhões em 2023, suficiente para suportar a expansão da carteira de crédito.
O relatório destaca a importância das cooperativas de crédito na promoção da inclusão financeira e no suporte ao desenvolvimento econômico, especialmente em regiões menos atendidas por bancos tradicionais. Com um crescimento robusto e uma sólida base de capital, as cooperativas de crédito estão bem posicionadas para continuar expandindo sua presença e impacto no sistema financeiro nacional.
Fonte: Bonco Central do Brasil
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